16 janeiro 2007

caem-me lágrimas às catadupas

hoje, às seis da tarde, alguém chegou ao meu blogue pesquisando no google por: "como se faz aborto com laminas".

tremo ao pensar que esse alguém encontrou uma resposta que considerou razoável. tremo ao pensar que não encontrou nenhuma e que resolveu experimentar na mesma.

onde estás?

quero encontrar-te, embalar-te de mansinho e dizer-te que há outras soluções. que não é caso para desesperares. que alguém competente, treinado, capaz, te vai tirar a lâmina das mãos e pedir para te sentares. e, com calma, vai ouvir-te. e, juntos, vão descobrir as mil hipóteses que agora julgas que não tens. no fim, se realmente decidires que o melhor é abortar (sim, ABORTAR - com todas as letras e em tamanho grande e sem vergonhas ou recriminações morais), poderás fazê-lo com todas as condições médicas necessárias. não com uma lâmina, na casa-de-banho escura dalgum sítio escondido, com mão trémula e inexperiente e lágrimas que te toldam os olhos, enquanto pensas que vais morrer.

este alguém chegou até mim através do que escrevi acerca do referendo aqui e aqui. um desespero que a levou desde o brasil até cá, como o que leva outras tantas pessoas a tantos outros sítios.

dia 11 de fevereiro vou estar em karlstad. perdi um dia inteiro atirada da junta de freguesia para a câmara municipal e daí para a comissão nacional de eleições para conseguir descobrir que não poderia votar antecipadamente, nem no consulado, nem por carta, nem nada. por favor, quem puder vá votar.

quantas meninas estarão agora a sangrar por aí?

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