21 janeiro 2012

suecos

há um moço por aqui que diz que é mentira os suecos terem dificuldade em exteriorizar sentimentos - ele diz que eles não sentem. nunca o levo muito a sério, mas hoje lembrei-me disto quando entrei no edifício da faculdade.

não tem estado um inverno frio (nem sequer tem estado bem inverno...), mas nos últimos dias a temperatura baixou bastante e levantou-se um ventozinho que mata um bocado. da paragem do autocarro ao meu edifício são uns 50 m ou coisa assim e decidi não pôr as luvas. quando a porta se abriu (depois de várias tentativas desajeitadas de passar o cartão na máquina com os dedos enregelados) levei com um bafo quentinho que me corou as bochechas e me deixou realmente agradecida por não se desligar o aquecimento por estes lados. e lembrei-me duma conversa que tivemos há uns tempos aqui no departamento, durante o café.

já há mais de um ano que correm rumores acerca de um homem que dorme no edifício da faculdade. a universidade é gratuita por isso ele vai-se inscrevendo em algumas cadeiras, recebe identificação de estudante e acesso aos edifícios, mesmo durante a noite e aos fins-de-semana (entra-se quase em qualquer lado com a chave-cartão). no nosso edifício há até um quarto de descanso e um balneário para os funcionários da universidade (para quem traz a bicicleta, por exemplo, não ir a pingar suor para a sala de aula). não é aceitável que alguém more aqui, claro, e a situação deu origem a várias horas de discussão - informal e formalmente. não sei bem como foi resolvida, mas há uns tempos comentaram que agora o acesso ao balneário e ao quarto de descanso, assim como outras áreas, estava limitado e tinha de se pedir uma autorização especial. por causa do tal morador clandestino. e que era bem-feito.

perguntei se em karlstad existe alguma casa-abrigo, onde quem não tem sítio para ficar possa aquecer-se e passar a noite e ninguém me soube responder. ninguém se mostrou interessado ou sequer percebeu como é que isso seria relevante para a conversa, que entretanto seguiu por outros caminhos (hóquei, o tempo, a tira de bd do dia).. aqui morre-se na rua sem abrigo. e a falta de compaixão dos meus colegas chocou-me.


3 comentários:

Anónimo disse...

Sim e chocante, mas nada surpreendente. Tu chocas-te (e ja viste que uso o hifen na situacao correcta? Irrita-me ver pessoas a escrever "escreves-te" e "caminha-mos") com isso...eu aqui choca-me como pessoas podem entrar no local de trabalho sem cumprimentar os presentes. As pessoas vivem cada vez mais em bolhas, sem se preocuparem com o que nao lhes diz directamente respeito (pelo menos pensam que nao lhes diz respeito). Tipicamente, nos somos um povo mais solidario e temos tendencia para resolver mais facilmente os problemas alheios do que os nossos. Estes anos emigrado tem-me ensinado que uma das formas de analisares uma sociedade e observando como lidam com o alcool.Acho que "eles" sao egoistas, ao contrario de "nos".

purpurina disse...

aqui isso também acontece. ou melhor, vão-se embora sem mandar pio. já me habituei um bocado, até porque só fazem isso por serem atenciosas e não quererem interromper (pelo menos foi com essa explicação que me contentei), mas continuo a despedir-me quando me vou embora. pareço uma parvinha porque, para não destoar muito, já não digo nada - só aceno como as crianças pequenas. vinka vinka

o álcool... vem cá visitar-me outra vez e fazemos um estudo disso :)

Anónimo disse...

oh tambem so respondes depois de eu dizer...assim e ainda pior! :)
"vinka vinka"? "bye bye"?
em relacao ao alcool eles devem-nos achar seres estranhos. pessoas que saboreiam uma bebida ou duas e nao saem para beber ate cair para o lado nao deve ser nada normal...
Entao mas isso ja deve estar nos finalmentes...acho que ja nao vai dar para uma visita. Muito gostava eu de ir ai outra vez no Verao.