porque eu não acredito no trabalho, não
acredito na propriedade, não acredito na polícia, não acredito nos
tribunais, não acredito nas fronteiras. não acredito que, para me
protegerem, possam obrigar-me a usar cinto de segurança. não acredito
que, para me castigarem, tenham o direito de me enforcar. não acredito
que esta terra, por ter sido povoada por certos tipos ambiciosos, lhes e
me pertença. não acredito que a minha pátria seja a minha língua porque
com as minhas pernas eu aprenderia outras línguas e delas faria casa.
não acredito que quarenta horas empenhadas num trabalho de merda num
supermercado valorize um ser humano que seja, da mesma forma que não
acredito que o motivo de uma vida possa genuinamente ser a ascensão na
carreira. não acredito que as fortunas conquistadas pelo suor do
trabalho contenham mais mérito do que a pobreza mantida por gerações
apesar do suor do trabalho. não acredito na herança, no património, no
imobiliário, no self made man.
(...)»
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