18 outubro 2016
[como quem arranca crostas de joelhos esfolados]
É Isto o Amor
Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: «Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios?» Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti, como
gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.
Nuno Júdice, in 'Pedro, Lembrando Inês'
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do vómito
«(...) o financiamento do Estado Social – que deveria ser o mecanismo de
redistribuição de rendimento – está a tornar-se num circuito fechado
entre os mais necessitados, como uma organização da solidariedade
intraclasse. E com isso deixando de fora, numa espécie de quinta privada, num condomínio de luxo, intocável, os mais ricos, os mais poderosos do mundo.»
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