não é na ortografia que a diferença entre o meu português e o português do brasil se encontra. esta apenas espelha parcialmente musicalidades que são em si diferentes; ritmos que se geram em partes distintas do corpo e que por isso mesmo tangem emoções noutros nervos, noutras vísceras. uniformizar a ortografia não altera nada. e isto, felizmente, não é apenas sentimento meu:
«Não há a rigor uma só frase que não nos cause estranheza – tudo é familiar, mas pelo caminho espalham-se pedrinhas de sentido a desviar o rumo. Quanto à linguagem, em nenhum momento o leitor se sente em casa, e isso é mortal na prosa literária, que tem na vida cotidiana da língua a sua matéria-prima de origem. Não é só vocabulário, o que seria um problema simples – é sintaxe mesmo, os pronomes todos e seus modos de usar, campos semânticos sutilmente distintos, regências particulares que vão como que armando um novo modo de ver o mundo, tudo que metaforicamente define uma língua.»
«Não há a rigor uma só frase que não nos cause estranheza – tudo é familiar, mas pelo caminho espalham-se pedrinhas de sentido a desviar o rumo. Quanto à linguagem, em nenhum momento o leitor se sente em casa, e isso é mortal na prosa literária, que tem na vida cotidiana da língua a sua matéria-prima de origem. Não é só vocabulário, o que seria um problema simples – é sintaxe mesmo, os pronomes todos e seus modos de usar, campos semânticos sutilmente distintos, regências particulares que vão como que armando um novo modo de ver o mundo, tudo que metaforicamente define uma língua.»
cristóvão tezza,
escritor brasileiro
aqui
não concordo com a sugestão de alterar sintática e ortograficamente as obras de cada lado do atlântico, traduzindo-as como se de outra língua se tratasse, que o escritor sugere no final do artigo referenciado. o ritmo do original, embora possa causar estranheza e deixar uns pozinhos de desconforto na mente, é único. perde-se sempre numa tradução, é transfigurado pelo tradutor que o filtra, que o molda de maneira a melhor encaixar numa outra emoção mais familiar ao leitor. mas admito que entre uma tradução dum livro em língua que desconheço prefiro sempre (e continuarei sempre a preferir) a portuguesa. e espero que com a minha ortografia.
escritor brasileiro
aqui
não concordo com a sugestão de alterar sintática e ortograficamente as obras de cada lado do atlântico, traduzindo-as como se de outra língua se tratasse, que o escritor sugere no final do artigo referenciado. o ritmo do original, embora possa causar estranheza e deixar uns pozinhos de desconforto na mente, é único. perde-se sempre numa tradução, é transfigurado pelo tradutor que o filtra, que o molda de maneira a melhor encaixar numa outra emoção mais familiar ao leitor. mas admito que entre uma tradução dum livro em língua que desconheço prefiro sempre (e continuarei sempre a preferir) a portuguesa. e espero que com a minha ortografia.