05 outubro 2007

afinal...

... acontecem algumas coisas por aqui.


os suecos não ficam até ao fim do filme. acendem-se as luzes assim que aparecem os créditos finais. é uma chatice, sabem? eu não leio os créditos finais (excepto se for para descobrir o nome daquele actor tããããããão lindo, que isto há coisas que não se controlam...), mas fico até ao fim. puro egoísmo. gosto daqueles últimos minutos para respirar fundo e reentrar devagarinho no mundo a sério. esfumam-se as imagens do grande ecrã, abandonando-me os olhos pouco a pouco. tento perceber uma ou outra cena que, na altura, provocando ou não uma grande emoção, me ficou a boiar cá dentro à espera dum instante em que a ela pudesse voltar - no cinema não há botão de pausa, e ainda bem. coisas.

os suecos não.

aquilo começou assim: a sala cheia (num espanto de gente barulhenta e contente); um moço do clube de cinema a falar durante 10 minutos em sueco (não me perguntem o que ele disse, três aulas de sueco ainda não dão para isso; mas houve muitos braços no ar à vez, a lembrar a escolinha primária quem quer pintar com lápis de cera? eeeeeeeeeeeeeeeu! e as canetas de feltro vão para quem? pra miiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmmm!); assim que ele se senta (sem dizer adeus, acho incrível os suecos não se despedirem) apagam-se as luzes e pronto; durante o filme, muitas gargalhadas* (novamente o espanto - que expansividade é esta que nunca antes a vi por cá sem ser nos socos e encontrões dos bêbedos e nos fãs de hóquei no gelo?); assim que acaba o filme, acendem-se as luzes (um exagero de luminosidade que me cegou imediatamente), levantam-se todos, dirigem-se à saída; acabou.

foi quase como olhar alguém que arranca um penso rápido duma só vez, num puxão vigoroso. já está! já pus a mão no ar para o senhor do clube saber que eu quero as canetas de feltro, já me ri, já sei esta história, agora acabou.

para a semana há mais.

*e nem era filme de rir... talvez por isso.

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá. Hoje escrevo um comentário bem grande. E escrevo com acentos e tudo. Considera tudo isto uma pequena prenda que te envio. Estes pseudo-intelectuais que ficam até ao fim do filme, como que a absorver tudo e dizer aos outros "vejam como eu sou bom apreciador de cinema" ou "se já te levantaste da cadeira não deves ter percebido nada do que o realizador quis transmitir", devem ter a mania. :) O Ricardo Sampaio também é assim. Eu não sou desses e um filme é como uma refeição: não fico no restaurante 10 minutos a olhar para um prato vazio ou a acariciar a minha barriga, porque já acabou tudo...e o que havia para perceber já está percebido. Há casos raros em que o filme é marcante mas mesmo assim gosto de saborear o filme em movimento e em paralelo com o mundo real.
E quando saio da sala, olho para aqueles que estão sentados a olhar para um ecrã preto sem nada lá escrito - porque o que lá estava escrito passou tão depressa que nem dá para ler - e às vezes me impedem de sair de uma posição que nem me é muito confortável, e penso: "Não é necessário ficar sentado numa sala a olhar para o nada para dizer ao mundo que gostaram do filme...E eu gostava de ir saborear o filme para a rua, onde o sol ou lua brilham, onde existe algo mais do que um ecrã sem nada lá escrito".
Um beijinho grande para ti.
Espero que te tenha feito sorrir um pouco.

purpurina disse...

o menino é um q'rido, 'tá a ver? adorei o seu comentário. me'mo fôf.
foi assim quase uma 'xperiência transcendental. é que parecia meeesmo que o menino 'tava aqui pertinho, a gozar comigo ao vivo.

adorei. adorei. adorei.

vá, um beijinho.