27 julho 2011
21 julho 2011
14 julho 2011
cuidados a ter
outra coisa que eu fazia era obcecar com os relógios digitais. estava sempre a apanhar horas especiais como 12:12, 15:51, 00:00.
entretanto deixei-me destas coisas. os meus passeios já não me levam alfinetes e os relógios só me contam de atrasos e esquecimentos.
não sei se foram os alfinetes que desapareceram ou se fui eu que deixei de os conseguir ver, como quem deixa de acreditar em seres mágicos e no fim da guerra e da fome no mundo. as minhas horas também deixaram de ser especiais, e ainda me pergunto de vez em quando se fui eu que deixei de cuidar delas como devia ou se esgotei a minha quota de instantes esquisitos.
há coisas das quais se tem de cuidar ou desaparecem.
13 julho 2011
[suspiro]
acordas todas as manhãs com um aperto no peito
não consegues comer, engoles o café, apanhas o autocarro para o trabalho
horas longas e chatas, tarefas sem sentido
ninguém se toca, olhares vazios
conversas ocas e risos falsos
mas habituas-te
habituas-te
e o trabalho que fazes não te diz nada
são outros que se aproveitam dele
e nem sabes quem são
mudas papéis de sítio, puxas as alavancas certas
ganhas o teu
e é parvo e idiota
mas habituas-te
habituas-te
quando chegas a casa à noite
vês que te esqueceste de fechar a janela
e está a janela cheia de porcaria, gases de tubos de escape enchem a sala
esqueceste-te de comprar comida
mas nem sequer tens vontade de comer, obrigas-te a engolir um pedaço de pão
habituas-te
habituas-te
tomas umas aspirinas por causa da cabeça que lateja, estupidificas em frente à televisão
o vizinho vai à casa-de-banho e os canos lamentam-se
estás cansado e vais deitar-te
e o vizinho discute com a mulher, e o tráfico não pára
é impossível dormir
mas habituas-te
habituas-te
os lençóis asfixiam-te e ficam molhados do suor
e as horas nocturnas são como elásticos
enquanto esperas pelo sono
toca o despertador
foda-se, que dor, nem vontade de te lavar tens
bebes o café frio de ontem
e lá fora está frio e escuro e húmido e enevoado
mas habituas-te
habituas-te
mesmo assim sexta-feira chega, e embebedas-te completamente
e no sábado vais até ao jardim, dás-te ao luxo de uma pizza
e à noite chega o choro
é bom abandonares-te ao desespero
finalmente sentes-te real
compras pornografia na máquina
vais para casa e masturbas-te
e é indescritivelmente triste
mas habituas-te
tens de te habituar.
qualquer dia melhoro a tradução, hoje não consigo mais.
11 julho 2011
09 julho 2011
08 julho 2011
pergunta
07 julho 2011
a crise, do ponto de vista dos teclados
06 julho 2011
coisas parvas na suécia
ando nisto há 3 semanas. já liguei para o centro de apoio e falei com a gente de lá. já liguei para um número de emergência e falei com uma enfermeira de lá. tente outra vez. vá tentando. tente mais tarde. hoje fui à recepção do centro de saúde e fiz a chamada enquanto estava no átrio da entrada. sempre a mesma conversa. blabla fila cheia blabla tente mais tarde plim!
explica-se a situação na recepção e a resposta é (surpresa) tente outra vez, vá tentando, tente mais tarde, eu aqui não posso fazer nada. e pergunto: como é que andam com este problema há tanto tempo e a vossa única solução é esta? não há alternativa? eu não estou praqui a morrer (espero), mas isto é ridículo. pois. tente outra vez, vá tentando, tente mais tarde, eu aqui não posso fazer nada.
estalo.
04 julho 2011
embirrações
(humm, li isto aqui há dias. uma coisa mais a sério, que comigo a embirração de momento é só estética)