27 julho 2011

(e alguém sabe o que é que aconteceu ao verão? é que ainda não o vi por cá e preciso mesmo de o encontrar)
(estou de férias mas não estou de férias embora esteja de férias)


por causa disto lembrei-me.

14 julho 2011



eu tenho uma mente muito suja, graçazadeus.

cuidados a ter

há uma data de anos, mas não tantos que a idade me possa desculpar os devaneios, eu fazia colecção de alfinetes. não era bem colecção. tinham-me contado um provérbio inglês que dizia que encontrar um alfinete dava sorte para dia, mas que deitá-lo fora traria azar para o resto da vida. acho que isto era porque antes do madeinchina e afins alfinetes eram coisas finas (repararam no trocadilho giro?), difíceis de fazer e por isso caras. acho até que a determinada altura a fortuna de algumas senhoras da sociedade era medida em alfinetes - sou capaz de ter sonhado isto, mas não interessa. o que é facto é que me fartava de encontrar alfinetes por aí. no metro, na calçada, no alcatrão quente do verão. nunca percebi como, será que andavam fadas-costureirinhas a espalhá-los pelo mundo, como quem semeia felicidade? era uma coisa chata, porque não os podia deitar fora e tentar o destino, mas nunca soube bem o que fazer com eles. acabaram por adornar dobras de malas e mochilas e assim, onde os guardava. ainda tenho marcas de ferrugem espalhadas pelos sacos.

outra coisa que eu fazia era obcecar com os relógios digitais. estava sempre a apanhar horas especiais como 12:12, 15:51, 00:00.

entretanto deixei-me destas coisas. os meus passeios já não me levam alfinetes e os relógios só me contam de atrasos e esquecimentos.

não sei se foram os alfinetes que desapareceram ou se fui eu que deixei de os conseguir ver, como quem deixa de acreditar em seres mágicos e no fim da guerra e da fome no mundo. as minhas horas também deixaram de ser especiais, e ainda me pergunto de vez em quando se fui eu que deixei de cuidar delas como devia ou se esgotei a minha quota de instantes esquisitos.

há coisas das quais se tem de cuidar ou desaparecem.

13 julho 2011

[suspiro]



acordas todas as manhãs com um aperto no peito
não consegues comer, engoles o café, apanhas o autocarro para o trabalho
horas longas e chatas, tarefas sem sentido
ninguém se toca, olhares vazios
conversas ocas e risos falsos
mas habituas-te
habituas-te

e o trabalho que fazes não te diz nada
são outros que se aproveitam dele
e nem sabes quem são
mudas papéis de sítio, puxas as alavancas certas
ganhas o teu
e é parvo e idiota
mas habituas-te
habituas-te

quando chegas a casa à noite
vês que te esqueceste de fechar a janela
e está a janela cheia de porcaria, gases de tubos de escape enchem a sala
esqueceste-te de comprar comida
mas nem sequer tens vontade de comer, obrigas-te a engolir um pedaço de pão
habituas-te
habituas-te

tomas umas aspirinas por causa da cabeça que lateja, estupidificas em frente à televisão
o vizinho vai à casa-de-banho e os canos lamentam-se
estás cansado e vais deitar-te
e o vizinho discute com a mulher, e o tráfico não pára
é impossível dormir
mas habituas-te
habituas-te

os lençóis asfixiam-te e ficam molhados do suor
e as horas nocturnas são como elásticos
enquanto esperas pelo sono
toca o despertador
foda-se, que dor, nem vontade de te lavar tens
bebes o café frio de ontem
e lá fora está frio e escuro e húmido e enevoado
mas habituas-te
habituas-te

mesmo assim sexta-feira chega, e embebedas-te completamente
e no sábado vais até ao jardim, dás-te ao luxo de uma pizza
e à noite chega o choro
é bom abandonares-te ao desespero
finalmente sentes-te real
compras pornografia na máquina
vais para casa e masturbas-te
e é indescritivelmente triste
mas habituas-te
tens de te habituar.


qualquer dia melhoro a tradução, hoje não consigo mais.


08 julho 2011

pergunta

como é que se condensam 2 semanas de trabalho em 4 dias?

(resposta: desliga-se o cabo de rede)

07 julho 2011

a crise, do ponto de vista dos teclados

sempre achei mau sinal os teclados não terem o símbolo do euro lá no cantinho inferior direito da tecla 5.

06 julho 2011

coisas parvas na suécia

só podes marcar consultas no centro de saúde por telefone - falas com uma enfermeira (ou enfermeiro ou o que for) que avalia o caso e decide se vale a pena ver-te ao vivo. se achar que sim fazes-lhe uma visitinha e daí podes ou não ser reencaminhado para um médico (ou médica. isto está a cansar-me). só se pode ligar entre as 8:00 e as 9:30 e entre as 13:00 e as 14:30. a cena gira é que há semanas (meses?) que há um aviso na página do centro de saúde acerca dum erro no sistema telefónico que eles usam - mesmo não estando ninguém em espera, aparece-te um senhor que diz que a fila está cheia e que deves tentar mais tarde. e desliga-te a chamada. ligas de novo e é igual. de novo e é igual. de novo igual. denovoigual. denovoigual. denov... é bonito.

ando nisto há 3 semanas. já liguei para o centro de apoio e falei com a gente de lá. já liguei para um número de emergência e falei com uma enfermeira de lá. tente outra vez. vá tentando. tente mais tarde. hoje fui à recepção do centro de saúde e fiz a chamada enquanto estava no átrio da entrada. sempre a mesma conversa. blabla fila cheia blabla tente mais tarde plim!

explica-se a situação na recepção e a resposta é (surpresa) tente outra vez, vá tentando, tente mais tarde, eu aqui não posso fazer nada. e pergunto: como é que andam com este problema há tanto tempo e a vossa única solução é esta? não há alternativa? eu não estou praqui a morrer (espero), mas isto é ridículo. pois. tente outra vez, vá tentando, tente mais tarde, eu aqui não posso fazer nada.

estalo.

04 julho 2011

embirrações

esta coisa da crise e tal só me dá problemas. de um momento para outro as coisas "em conta" ou "económicas" passaram a pulular pela rede e volta e meia aparecem-me em textos sem razão aparente. é só porque está na moda ser-se poupadinho. e eu até acho bem! aliás, consigo ser muito forreta - a parte de não ter muito dinheiro ou perspectivas de emprego daqui a 13 meses ajuda. agora, agradecia era que não reduzissem tudo o que é tema a economias e em contas. são expressões muito feias e fazem-me estremecer da mesma maneira que unhas em quadros de ardósia dão cabo dos nervos a muita gente.

(humm, li isto aqui há dias. uma coisa mais a sério, que comigo a embirração de momento é só estética)
acho isto muito perigoso.