há uma data de anos, mas não tantos que a idade me possa desculpar os devaneios, eu fazia colecção de alfinetes. não era bem colecção. tinham-me contado um provérbio inglês que dizia que encontrar um alfinete dava sorte para dia, mas que deitá-lo fora traria azar para o resto da vida. acho que isto era porque antes do madeinchina e afins alfinetes eram coisas finas (repararam no trocadilho giro?), difíceis de fazer e por isso caras. acho até que a determinada altura a fortuna de algumas senhoras da sociedade era medida em alfinetes - sou capaz de ter sonhado isto, mas não interessa. o que é facto é que me fartava de encontrar alfinetes por aí. no metro, na calçada, no alcatrão quente do verão. nunca percebi como, será que andavam fadas-costureirinhas a espalhá-los pelo mundo, como quem semeia felicidade? era uma coisa chata, porque não os podia deitar fora e tentar o destino, mas nunca soube bem o que fazer com eles. acabaram por adornar dobras de malas e mochilas e assim, onde os guardava. ainda tenho marcas de ferrugem espalhadas pelos sacos.
outra coisa que eu fazia era obcecar com os relógios digitais. estava sempre a apanhar horas especiais como 12:12, 15:51, 00:00.
entretanto deixei-me destas coisas. os meus passeios já não me levam alfinetes e os relógios só me contam de atrasos e esquecimentos.
não sei se foram os alfinetes que desapareceram ou se fui eu que deixei de os conseguir ver, como quem deixa de acreditar em seres mágicos e no fim da guerra e da fome no mundo. as minhas horas também deixaram de ser especiais, e ainda me pergunto de vez em quando se fui eu que deixei de cuidar delas como devia ou se esgotei a minha quota de instantes esquisitos.
há coisas das quais se tem de cuidar ou desaparecem.
outra coisa que eu fazia era obcecar com os relógios digitais. estava sempre a apanhar horas especiais como 12:12, 15:51, 00:00.
entretanto deixei-me destas coisas. os meus passeios já não me levam alfinetes e os relógios só me contam de atrasos e esquecimentos.
não sei se foram os alfinetes que desapareceram ou se fui eu que deixei de os conseguir ver, como quem deixa de acreditar em seres mágicos e no fim da guerra e da fome no mundo. as minhas horas também deixaram de ser especiais, e ainda me pergunto de vez em quando se fui eu que deixei de cuidar delas como devia ou se esgotei a minha quota de instantes esquisitos.
há coisas das quais se tem de cuidar ou desaparecem.
8 comentários:
Lembro-me dessa tua histórias com as horas, agora vais virar-te mais para os hidden people ?
Epá, posso fazer a piada a dizer que coleciono alfinetes de peito?
sô m
como estas: http://www.howtobearetronaut.com/2011/07/the-cottingley-fairies/ ? :)
vais ao ccb dia 25?
sô ska:
espero que não andes a apanhar isso da rua.
As coisas que tu sabes e eu nem desconfio :-)
Os alfinetes e tu são uma associação inesquecivel... nunca percebi como era possivel encontrares tanta "coisinha" dessa...eu nunca vi nenhum fora das caixas de costura!Achava que era de facto uma coisa só tua. E as tuas malas e carteira furaditas de alfinetes permanecem na minha memória. Acho que se não tens encontrado esses sinais de sorte por terra suecas, é porque provavelmente os suecos tb conhecem esse ditado e anda sempre alguém à tua frente a garantir a sua sorte! Beijos e até breve (espero eu)
Ana Pi
donana: já cá estou! temos de combinar para te ir ver a ti e à tua m. parabéns pelo mês inteirinho que já passou :)
Já te mandei sms p tlm sueco, já te mandei um mail... não te onsigo contactar :,( estou à espera de te ver! Bj
Ana Pi
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